LET GO, ROCK GIRL!

Oi pessoal! Tudo bem com vocês?

Demorei um pouco, mas estou de volta.

No post de hoje, apresento-lhes mais uma resenha musical.

Espero que curtam! :)


Tonight Alive

A figura feminina sempre estivera à margem da instituição social. A sociedade machista e patriarcal, cujos valores outrora difundidos ainda hoje prevalecem e assombram majoritária parcela populacional constituída por mulheres, impedira, no transcorrer de anos, a expansão feminina para além dos abrigos a elas ofertados por seus pais e maridos.

Entretanto, fazendo empréstimo da teoria de autoria de Simone de Beauvoir, algumas destas mulheres foram em busca de seus próprios tetos. Pois, sabiam estas, que haveriam de possuir, tal como os homens, tetos para chamarem de seus. E o fizeram. Portanto, felizmente, a rudimentar compreensão de que o espaço a ser ocupado por elas deveria se restringir a alguns metros quadrados pertencentes aos cômodos de uma residência familiar - de preferência a cozinha e a lavanderia -, atualmente não mais se sustenta. 

Os exemplos são inúmeros e encontram-se atrelados aos mais distintos campos de atuação. Apesar disto, por ora, neste post iremos nos ater à seara musical. 

Desde sempre, estivemos acostumados com a presença da mulher no domínio da Pop Music de origem norte-americana - Cher, Madonna e Whitney Houston para citarmos veteranas, e Britney Spears, Cristina Aguilera e Mariah Carey, sendo estas algumas das intérpretes que lograram alcançar maior sucesso a partir da transição entre o velho e o novo milênio. Atualmente, temos nomes como Katy Perry, Kelly Clarkson e Taylor Swift.

Em vias contrárias, algumas mulheres desvencilharam-se dos até então comuns e plausíveis caminhos musicais - e sociais, digamos de passagem -, exclusivamente a elas ofertados, subvertendo a ordem da indústria do entretenimento e extrapolando fronteiras que outrora delimitaram a atuação feminina apenas em específicos nichos do universo musical. 

Entre outras circunstâncias, este é o caso de mulheres líderes de bandas de Rock. Ou, simplesmente, aquelas que alçaram seus nomes ao estrelato a partir da imersão neste gênero musical - quanto a este seleto grupo, é adequado mencionarmos, ambas canadenses, Alanis Morissette, sucesso na década de 1990, e Avril Lavigne, que revolucionou a maneira de produzir Rock nos anos 2000 com seu peculiar trejeito de skater girl, passando, alguns anos mais tarde, a aderir às possíveis combinações entre preto e rosa.

Função esta em sua maioria assumida por homens, os postos de liderança de bandas foram sendo gradualmente também ocupados por mulheres que, ao atuarem enquanto tais, desfizeram-se das castas facetas a elas atribuídas no decorrer de anos. No Rock, puderam fazer valer suas vozes e gritar ao mundo: "hoje é dia de rock, bebê!". E como entoaram coro!

Nos anos de 1970, The Runaways, encabeçada por Joan Jett, possuía apenas mulheres em sua formação. Em 1980, houve o estrondoso sucesso de Deborah Harry como vocalista da banda Blonde. Temos a ascensão de Shirley Manson, já na década de 1990, icônica vocalista de cabelos de tons alaranjados e olhos fortemente marcados por delineador à frente de Garbage. Ainda,  Dolores O'Riordan, líder do grupo britânico The Cranberries. 

No novo milênio, a partir de meados do ano de 2005, acompanhamos a progressiva predileção de jovens garotas por possibilidades musicais oferecidas pelo gênero em questão. É difícil não nos recordarmos dos êxitos obtidos por Hayley Williams, vocalista da banda norte-americana Paramore, que em 2007, ao lançar o álbum Riot!, encabeçou as paradas de sucesso musical para além daquelas de seu país de origem, alcançando a atenta escuta de adolescentes imersos no recém fenômeno do Pop Punk e do estilo emo. Também podemos mencionar Cassadee Pope, responsável pelos vocais da banda Hey Monday, criticada na época por se figurar como fiel cópia de Paramore. À titulo de curiosidade, acreditem ou não, Pope interrompeu os trabalhos junto ao grupo musical, participou da terceira temporada do programa The Voice e, sob as orientações do mentor Blake Shelton, venceu a competição, explorando percursos atinentes à Country Music.

Hoje, não somente a terra dos sonhos acolhe bandas lideradas por mulheres. Elencamos, inusitadamente, os grupos de origem alemã Jennifer Rostock e Luxüslarm, impulsionadas, respectivamente, pelos vocais de Jennifer Rostock e Janine Mayer. Ainda que não conhecidas no exterior, tais bandas possuem considerável quantidade de apreciadores. Suas sonoridades, no entanto, são bastante similares àquelas por nós já conhecidas.


E para reforçarmos ainda mais o fato de que tal dinâmica prevalece em localidades outras e não apenas em solo norte-americano, trazemos ao saber a banda Tonight Alive. Seus integrantes, desde sempre grandes amigos, são naturais de Sydney, Austrália, e uniram-se em 2008. Após gravarem algumas faixas e EP's, finalmente tiveram a oportunidade de lançar o primeiro trabalho de estúdio. A partir daí, tornaram-se donos de alguns singles de sucesso, entre eles, Breakdown - com participação de Benji Madden, principal vocal da banda Good Charlotte -, Lonely Girl, Come Home, Human Interaction e How Does It Feel. Ainda foram responsáveis por The Edge, canção tema do filme O Espetacular Homem-Aranha II, sucesso em 2014. 

Evidentemente, tal como acontecera com outras bandas aqui já resenhadas no blog - Parachute e You Me At Six -, faz-se perceptível, no decorrer do processo de audição de seus discos, as mudanças de gênero musical. Antes estritamente vinculado ao Pop Punk - houveram até mesmo comparações com Paramore, por exemplo -, em alta na época do lançamento de seu primeiro CD, o grupo atualmente transita no domínio daquilo que denominamos como Alternative Rock - com nuances de incerteza e tons de experimentos, ambos fatores típicos deste subgênero o qual ainda desconhecemos por completo, haja vista sua potencial capacidade de absorção e acolhimento da hibridez musical.

Sim, a banda possui considerável número de adeptos ao seu trabalho no Brasil, por mais que não se configure parte do mainstream musical nas terras tupiniquins. Tanto se constitui verdade, que no ano de 2016, após o lançamento de seu terceiro álbum de estúdio, incluiu algumas cidades brasileiras no roteiro de sua turnê de divulgação. A resenha de um dos shows, realizado em Porto Alegre, pode ser acessada no website Wiplash.

Jenna McDougall, 26, vocalista do grupo em destaque, é extremamente enérgica e detentora de doce e poderosa voz. Ao assistir performances da banda, é notória sua incrível presença de palco e a relação de carinho que estabelece junto ao público.  


Tonight Alive possui quatro lançamentos fonográficos quase todos realizados pela gravadora Sony Music, exceto o último CD, produzido por Hopeless:

- What Are You So Scared Of? (2008);
- The Other Side (2013);
- Limitless (2016);
- Underworld (2018).


Com a recém saída do guitarrista Whakaio Taah, a banda, até então constituída por cinco integrantes, hoje conta com a presença de apenas quatro da formação original: 

- Jenna McDougall (Vocal Principal);
- Jake Hardy (Guitarra Base);
- Cameron Adler (Baixo);
- Matt Best (Bateria).

Neste post, apresento-lhes uma resenha musical do CD intitulado Underworld, lançado durante o mês de janeiro do corrente ano, sendo tal trabalho fonográfico assinalado por evidentes mudanças de rumo musical conduzidas pelos membros de Tonight Alive.

Book Of Love: Na primeira faixa de seu mais recente disco, Tonight Alive oferta-nos a primeira de muitas outras novas músicas que aparentam, de fato, demonstrar a predileção por sonoridades polidas, diferindo-se das pesadas melodias Pop Punk. Digno começo!

Temple: Escolhida como 1º single de Underworld, a canção possui presença marcante de riffs de guitarra e bateria. O vídeoclipe é responsável por apresentar a nova estética da banda e, concomitante a isto, a nova inclinação musical que sugere no decorrer do álbum. Impossível não acompanhar Jenna no refrão da canção - e na excêntrica coreografia que performatiza no vídeo. "I've never been so close to the edge...".

Disappear: Também é single do álbum em análise e conta com a participação de Lynn Gunn, vocalista da banda norte-americana de Alternative Rock PVRIS, não muito popular em território nacional. Assim como sugerido por seu vídeoclipe, a melodia de Disappear detém o estranho poder de nos conduzir à atmosfera outra ou a um mundo paralelo, repleto de indivíduos e circunstâncias desconhecidas, inclusive self até então ao qual hipoteticamente ainda não fomos apresentados. Boa canção para divulgação nas rádios.

The Other: Música de levada bacana, detentora de memoráveis riffs de guitarra na ponte.

In My Dreams: Transcendental desde o título até seu último milésimo de segundo, é uma boa representação do novo caminho musical escolhido pela banda ao lançar o álbum em voga, já que traz à tona melodia despretensiosa quanto às amarras relativas às categorizações de gêneros impostas pela indústria musical. Aqui, não há rótulos possíveis.

For You: A primeira balada de Underworld nos convida a cantar a plenos pulmões. Possui melodia extremamente delicada e, aqui, desde já, Jenna nos apresenta aos resultados relativos às imersões executadas pela banda em sonoridades alternativas e demasiadas distintas daquelas trazidas por canções de trabalhos anteriormente lançados.

Crack My Heart: Selecionada como um dos singles do álbum, em termos de sonoridade, Crack My Heart diferencia-se das demais canções por apresentar percurso pouco mais pesado, reportando-nos, de imediato, às canções lançadas nos demais álbuns, haja vista sua proximidade com aquilo preconizado pela vertente do Pop Punk. O refrão tende a ser fixado, mas não se compara ao potencial de outras faixas promocionais.

Just For Now: Um apelo musical tão doce, delicado e potente quanto a voz de Jenna pode transparecer em qualquer outra faixa de Underworld. Todas as possibilidades inerentes à extensão vocal dessa rock girl podem aqui ser facilmente evidenciadas - e apreciadas.

Burning On: Refrão ao melhor estilo chiclete. Seria esta uma boa escolha para single? Sim!

Waiting For The End: Mística e forte candidata à hino...

Last Light: Balada romântica conduzida por suaves vocais. O refrão é arrebatador em termos de composição e rima, capacitando-a ocupar o possível posto de canção promocional. Arrisco a dizer que em todo o repertório musical ofertado por Tonight Alive, Last Light se constitui faixa de ímpar produção. Eis um vestígio dos experimentos realizados pela banda em Underworld. E, desde já saliento, muito bem sucedido.

Looking For Heaven: Canção na qual prevalecem, para além da notória harmonia entre voz e piano, também o vislumbre de viabilidades musicais outras por parte da banda. Looking For Heaven, nos apresenta à certeza de que Tonight Alive pode se figurar grupo musical atrelado a quaisquer gêneros os quais desejar. Uma surpresa muito agradável e satisfatória, ainda que alocada próxima ao término do álbum.

My Underworld: Corresponde à faixa-título, ademais, um ótimo desfecho para o disco. Corey Taylor, ex-vocalista da banda de New Metal Slipknot, realiza participação especial no decorrer do desenvolvimento da canção, provando que vozes oriundas de tão distintos extremos musicais encontram, em faixa que flerta com Alternative Rock e Piano Rock, espaço para se cortejarem. E, inevitavelmente, encantar a nós, ouvintes.

De caráter experimental ou não, o mais recente álbum de Tonight Alive apresenta-nos o amadurecimento da produção musical da banda, demonstrando como alguns poucos anos de trajetória foram capazes de possibilitá-la melhor manusear suas experiências em prol de trabalho consistente e realmente inspirador. Além disto, a presença de uma mulher nos vocais só vem a tonar ainda mais fidedigna a histórica premissa de que sim, "we can do it!". Recomendo, com louvor, a audição dos outros CD's! <3

Procurem por "Tonight Alive" nas redes sociais para que possam se inteirar a respeito dos afazeres musicais desta incrível banda!

Espero que tenham gostado do tema deste post.

Estou ansiosa pelos comentários... Também estamos abertos às sugestões! :)

Abraços e até a próxima,

Jennifer.

Comentários

  1. Olá,
    Adorei a ideia da resenha musical.
    Não conhecia a banda, mas depois vou dar uma caçada no Spotify,

    até mais,
    Nana - Canto Cultzíneo

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    Respostas
    1. Oie Nana! :)

      Que bom que você curtiu! Sempre tentarei publicar resenhas musicais tão legais quanto essa! Não perca a oportunidade de escutar o trabalho da Tonight Alive!

      Agradeço sua visita, viu? Volte sempre!

      Abraços,

      Jennifer.

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