RUMO À GATTAI: UMA ENTREVISTA COM LÚCIA LEMOS, AUTORA DA SAGA "AIKA"

Olá pessoal! Como vocês estão?

Um ano se passou desde a minha última postagem... Concomitantemente, muitas coisas aconteceram no Brasil e no mundo, em especial, o infeliz alastramento da pandemia do novo Coronavírus. Por isso, apesar dos pesares, espero que todos estejam felizes e saudáveis. Sintam-se acolhidos e abraçados! Estamos juntos nessa. :)

Como alguns de vocês devem saber, sou doutoranda em Letras (Estudos Literários), e dedico-me a estudar e pesquisar, tal como fiz no decorrer do curso de Mestrado, as possibilidades de interfaces dialógicas entre Literatura, Internet e novas tecnologias, bem como as perspectivas da manifestação literária no contexto da cultura digital. Em minha tese, apresento alguns relevantes vislumbres acerca da utilização de uma plataforma virtual de autopublicação denominada Wattpad no exercício da escrita dita literária, ademais, o seu impacto no campo relativo à Literatura, considerando a atuação dos autores e leitores, além do mercado editorial, nessa seara artística agora abarcada pelo ciberespaço.

Criado em meados do novo milênio por dois engenheiros computacionais canadenses, o website em questão possui um vasto arsenal de obras literárias eletrônicas publicadas e compartilhadas em sua interface - demasiada intuitiva e de fácil manuseio e navegação, diga-se de passagem. Wattpad é considerada uma comunidade complexa e, por que não, uma rede na qual a sociabilidade entre pares, sejam eles autores, leitores ou curiosos - wattpaders é o nome atribuído aos utentes da plataforma - é potencializada em proporções muito similares à força de alcance atribuído ao texto manufaturado sob as chancelas de sua página virtual. É lá que nasceram as obras de Anna Todd, autora da coleção After (2013), e Beth Reekles, responsável por assinar The kissing booth (2014) - popular em solo nacional como A barraca do beijo (Astral Cultural, 2018). Por óbvio, outros audaciosos escritores-internautas também iniciaram as suas respectivas carreiras no meio literário em Wattpad, porém, mencionar ambas as autoras equivale ao parâmetro mais do que necessário à legitimação do website enquanto revelador de talentos aptos a alcançar altos índices de likes e visualizações e, posteriormente, números de comercialização estratosféricos, a julgar a adaptação dos títulos para os moldes da Literatura impressa e outras mídias. Salientamos que não nos preocuparmos com aspectos qualitativos atribuídos às produções literárias em voga, bem como outras que porventura não tenhamos mencionado, mas que ainda sim aproximam-se dos exemplos trazidos à luz sob esta ou aquela instância.

Um dos objetos de análise sobre os quais proponho a dedicar esforços corresponde à saga Aika, da autoria de uma jovem escritora carioca, também designer e ilustradora, chamada Lúcia de Paiva Lemos. Atualmente constituída por dois volumes - Aika: a canção dos cinco (2015) e Aika: o tabuleiro do oráculo (2018) - e dois spin-offs - Aika especial: a pérola cósmica de Kinryuu (2016) e Aika especial: quando nasceu a amizade (2019), sendo um em formato de texto convencional e o outro totalmente sob os moldes de mangá, a coleção apresenta-nos a inspirações orientais, alternando-se entre as linguagens textual e visual, uma vez que Lemos ilustra a própria história com representações gráficas de traços semelhantes àqueles encontrados em produções de mangás japoneses. Aliás, em um artigo que recentemente publiquei com a colaboração de meu professor orientador mediante a apresentação de comunicação vinculada ao tema, denominamos a tal façanha como "mangá em prosa", tamanha é a excepcionalidade que sua produção guarda aos leitores-internautas. Em Aika, texto e imagens se convergem em prol da narração das aventuras experienciadas pela personagem-título, uma adolescente aparentemente comum que deverá prestar ajuda ao seu ídolo dos mangás em um universo envolto por magia e acontecimentos fantásticos. Nessa relação de complementariedade entre textos - afinal, o ditado popular não diz que "uma imagem vale por mil palavras?" -, os caminhos de Aika são paulatinamente construídos e auxiliam os leitores pela trilha de uma atmosfera na qual texturas e textualidades se fundem, resultando em um produto único. Assim, no diálogo inter textos, a obra de Lemos nos convida a atravessar as fronteiras, se é que outrora impostas, inerentes à Literatura e às Artes Visuais. É em virtude desse caráter transfronteiriço que a Literatura Eletrônica produzida na contemporaneidade hiperconectada e informatizada propõe novos diálogos, ambienta circunstâncias inovadoras à escrita e leitura e transfigura por completo o lugar daqueles que a produzem, apreciam e recepcionam.

[...] texto e ilustrações auxiliam a construção de uma segunda narrativa, para além da primeira [...]: ao leitor é concedida a possibilidade de trabalhar criativamente com seu intelecto imaginativo, concebendo Aika ora como texto em prosa, ora enquanto produto também digno das páginas dos mangás (CELESTE; FERREIRA, 2021, p. 4).

Ao optar por esse cibercaminho, Lemos logra idealizar um universo peculiar à história de sua heróina, contrastando-a com as possibilidades que a interface ciberespacial oferta aos autores da atualidade. Por vezes, utiliza-se de recursos audiovisuais diversificados, entre imagens, faixas de áudio e vídeos, tendo por finalidade não apenas adornar o texto de sua narrativa, mas, acima de tudo, torná-lo ainda mais acessível e palatável aos seguidores da ficção. Em tempos líquidos, a Literatura manufaturada no âmago da World Wide Web encurta as distâncias em tese existentes entre os autores, suas obras e seus leitores, proporcionando um cativo espaço para deleite, trocas e compartilhamentos. Vale destacar a publicação dos dois títulos principais da saga sobre as páginas dos livros de papel, empreendimento encabeçado pela editora independente Pendragon no ano de 2019.

Logo após perceber-me deslumbrada com a produção em destaque, contatei a escritora por meio de suas redes sociais e fui muitíssimo bem recepcionada. Quando lhe disse que sua saga literária ocuparia um espaço de significativa relevância em minha pesquisa de Doutorado, Lemos partilhara os desafios enfrentados por autores contemporâneos que assim como ela, também narram seus enredos com o suporte das novas tecnologias, usufruindo das benfeitorias que a Internet trouxera ao desenvolvimento de suas carreiras no circuito literário. Gentilmente, a autora respondeu às minhas perguntas sobre o seu processo criativo de concepção de Aika. Vamos lá!

Entre Linhas, Entre Pautas: Como surgiu-lhe a ideia de escrever uma saga literária?

Lúcia Lemos: Sempre quis escrever uma saga, mas a ideia de Aika surgiu durante uma crise de insônia/sonho em setembro de 2007, em que eu via o final de uma história de fantasia.

ELEP: Aika apresenta diversas referências à cultura oriental. De que modo os produtos provenientes de países asiáticos inspirou-lhe a construir as narrativas da saga?

LL: Os animes e mangás me moldaram como pessoa. Suas mensagens de perseverança, amizade, companheirismo e honra me marcaram, começando entre o final da minha infância e o começo da minha adolescência. As histórias dos heróis me ajudaram a passar por momentos difíceis, e pensei que poderia trazer uma história justamente sobre isso: o bem que os animes e mangás fizeram a uma heroína fictícia. Também fiquei apaixonada pela estética do Japão tradicional, com seus samurais e espadas, as roupas modernas e antigas e, principalmente, o traço do mangá. 

ELEP: Wattpad sempre se constituiu como sendo a sua primeira opção para publicação? Conte-nos sobre o processo de seleção do suporte para a escrita de Aika.

LL: Wattpad na verdade foi um experimento. Ele me foi apresentado por um ex-patrão gente boa, que dizia que eu escrevia bem, por volta de 2015. Aika estava na gaveta e vez por outra eu mexia ou criava algo, mas sem o ímpeto de publicação, por um pouco de vergonha e medo. Foi ele que me sugeriu escrever o livro e ir postando lá para ver se as pessoas gostavam, pois havia editoras grandes observando as obras mais lidas para uma eventual publicação física. Eu vi que muitas pessoas postavam uma vez por semana ou todo dia, como em seriados ou publicações de mangás (onde no Japão, a maioria é um capítulo por semana ou por mês), mas isso fazia com que o autores que conheci não conseguissem trabalhar tão bem suas tramas. Então, decidi terminar primeiro o livro 1, Aika – A canção dos cinco, e então postar um capítulo toda sexta-feira (por pura superstição: eu nasci numa sexta-feira e achei que poderia dar sorte). Através da recepção e dos comentários, percebi que algumas cenas ficaram longas demais, ou muito confusas, ou os leitores reclamavam quando eu inseria descrições em excesso. Como não tinha ninguém me esperando ou controlando, o Wattpad me permitiu ajustar o livro várias vezes e várias coisas saíram ou foram modificadas. Contudo, quando nos meses seguintes a plataforma liberou a inserção de ilustrações, Aika começou a se destacar por causa das cenas de mangá que eu desenhava, inspiradas pelas “light novels”. Na verdade, depois de alguns meses de publicação, eu queria que uma editora grande me patrocinasse. Mas como ninguém veio, acabei optando pela publicação independente na Amazon, até em 2019 a Pendragon se oferecer para publicar. 

ELEP: A saga de sua autoria conquistara um prêmio, além de uma menção honrosa. Cogitou algum dia ganhar tamanho reconhecimento? Como as congratulações impulsionaram o alcance de suas obras no ciberespaço e para além dele?

LL: Bom, não era algo que eu esperava, mas admito que queria ser reconhecida, pelo menos pelo meu esforço. Foi um período difícil em que minha saúde foi se deteriorando por conta da fibromialgia – mas só soube o que era a doença anos depois. No Wattpad, Aika se tornou um dos destaques de fantasia antes do prêmio Wattys, e isso já tinha me deixado muito feliz. Não sei se você sabe como funciona, mas os livros em destaque de Fantasia ficam nos topos das pesquisas, o que me ajudou muito a trazer leitores novos. O The Wattys 2016 também ajudou, porém, eu ainda sentia muito preconceito no meio literário e dos fandoms de mangás… as pessoas perto de mim me diziam que “só leriam Aika impresso”, e isso era extremamente frustrante. Era como se dissessem que só quando a história ganha livro que ela vale a pena. Quando ilustrada, o preconceito aumentava. Já no fandom de mangás, sentia preconceito por ser mulher e, consequentemente, acharem que Aika era um romance, ou preconceito por ser uma obra nacional. Acho que os prêmios ajudaram Aika a ser reconhecido ainda no meio digital, mais do que no meio impresso.


Arte de Aika: a canção dos cinco (2015)
Fonte: Gattai No Sekai | Ilustração por Lúcia Lemos.

ELEP: Qual a sua perspectiva quanto ao fenômeno de publicações literárias impressas que acontecem de maneira independente nos dias atuais?

LL: Ser independente é um desafio complexo e não sei se tenho uma resposta precisa, pois estou experimentando os problemas de ter uma editora e comparando com minha fase independente. Aika foi independente de 2015 a 2018, e agora tem uma editora desde 2019. Por um lado, como independente, você pode dar mais carinho ao projeto e garantir mais qualidade de impressão, por exemplo. Por outro, você precisa ter muito dinheiro e ainda encontrar as pessoas certas para te divulgar. De alguns anos para cá, iniciativas por catarse ou kick starter ajudam com a questão financeira e vem ganhando destaque. O mercado editorial paga relativamente pouco a um autor. Logo, se você é independente, pode obter mais lucro e não precisa se preocupar com alguém dizendo que seu livro não pode ter palavrões para poder entrar nas escolas. Mas como independente, é muito mais difícil levar sua obra para escolas ou bibliotecas. Entre artistas, é mais comum que haja publicações independentes. O maior desafio de todos é levar sua obra para as livrarias. É algo tão caro e burocrático que até editoras menores não conseguem colocar livros nelas (até porque algumas faliram), porém, chega a ser irritante o número de pessoas que dizem que só lerão seu livro se o encontrarem em livrarias. Espero que isso mude logo.

ELEP: Você já teve a oportunidade de participar de alguns eventos do ramo literário, possibilitando a divulgação e a comercialização de Aika. Como se dá a relação entre você, autora da saga, e os leitores de suas histórias – agora, presentes para além das telas?

LL: Por incrível que pareça, Aika só esteve em dois eventos literários, que foram as bienais. Os outros eventos foram de temas geeks e de artistas independentes. Aika de certa forma traz a vantagem de poder estar nesses dois lados. Contudo, os eventos são desgastantes na minha opinião, especialmente as bienais. É legal ver pessoas que conheceram Aika online e ficam felizes em ver a versão impressa. Porém, o autor tem que vender para pagar o espaço e a publicação (lembre-se que minha editora é pequena, e a publicação é paga). Logo, a gente quase não tem tempo de conversar nem com outros autores. Talvez, se um dia eu estiver numa situação mais confortável e/ou com uma editora que pese tanto na questão orçamentária, eu possa conseguir ter mais tempo e espaço para interagir com os meus leitores. É realmente fofo encontrá-los, ouvir que Aika os deixou mais felizes ou motivados, ganhar cartinhas, autografar livros que eles compraram online, ou até passar conhecimento sobre ser autor. Mas essa interação, que deveria ser o objetivo e a melhor parte de ir a eventos, é quase sufocada pela obrigação de vender.

ELEP: Aika utiliza-se de alguns recursos de natureza multimodal – imagens, faixas de áudio e vídeos, por exemplo –, o que nos permite classificar seu texto enquanto circunscrito àquilo o que denominamos como sistema hipermidiático, típico da era digital e informatizada. Percebemos que a história da heroína-título desenvolve-se e se constrói a partir do tecer dessas textualidades as quais você trouxe à narrativa. Nesse sentido, de que maneira ocorreu o processo de feitura das obras, e como não somente a interface de Wattpad, mas também a própria Internet, tem viabilizado o percorrer desse cibercaminho?

LL: Acho que é um caminho que todo autor vai precisar seguir, pois quanto mais mídias comportar sua obra, mais chance ela tem de ser conhecida. Antes da internet era mais difícil ser autor independente. Contudo, hoje, a concorrência é imensa e meio que somos obrigados a encontrar formas de tornar nossa obra conhecida e diferente do comum para ser lembrada. As ilustrações foram vitais nesse aspecto. Não era tão comum no Brasil haver livros com cenas em mangás, isso vem das light novels japonesas. Essas cenas muitas vezes substituem o texto. Isso foi algo que destacou Aika, e aconteceu de vários autores seguirem a ideia. Poupa o artista de fazer um quadrinho que seria mais caro e ainda serve para divulgação da obra. Porém, ainda há muito preconceito no meio literário em si em relação a “fantasias para jovens adultos”, que afirmam que “ilustrações corrompem o imaginário do leitor”. Tanto que a maioria das pessoas que gostam de Aika são fãs de mangás ou quadrinhos. Eu vi através dos anos que era até melhor não encaminhar Aika para pessoas que lessem ficções não ilustradas. Inclusive, a editora Pendragon quase removeu as ilustrações de Aika por elas tornarem os livros digitais mais pesados, o que poderia atrapalhar na publicação dos e-books. Essa foi uma das minhas maiores desavenças com a editora. As ilustrações só ficaram quando sua qualidade foi reduzida, infelizmente. E, para minha tristeza como artista, muitos leitores disseram que elas poderiam ser descartadas, o que é algo até estranho, pois elas ajudam na divulgação, mas podem atrapalhar os leitores de mente mais fechada. No Wattpad, que comporta leitores mais novos, as ilustrações fazem muito mais sucesso. Porém, com o tempo, tive que adaptá-las ao formato de celular, como aumentar os balões e as fontes de textos, pois nem todos conseguiam enxergar bem. Em celulares mais antigos, elas podem não aparecer. Então, fui obrigada a repetir o texto dos quadrinhos. Algo que, na publicação impressa, não era um problema. Confesso que também sinto falta do recurso que o Wattpad tinha de colocar um vídeo de música rodando com a leitura do capítulo. Eu sou apaixonada por trilhas sonoras de filmes e animes, além de bandas de metal melódico, japonesas ou não. Algumas músicas inspiraram cenas, e era muito legal trazer isso no Wattpad. Em Aika – A canção dos cinco, o prólogo tinha como música tema “Let Us Burn” da banda de metal melódico Within Temptation, uma letra que fala de fogo como energia, de erguer-se, de enfrentar o “silêncio ou demônios”. Essa música é quase uma leitura dos sentimentos da heroína Aika e o guerreiro Kurikara. Os leitores que eram fãs de animes gostavam de ter essa música no imaginário como uma abertura de um “anime de Aika” – e quando surgiam fãs da banda, consequentemente, eles sentiam mais vontade de acompanhar. Já no segundo livro de Aika, a abertura mudou para uma banda de metal japonesa, a Babymetal, já que o livro não era tão sombrio quanto primeiro, e os leitores gostaram. Além disso, cada capítulo contava com uma “background music” compostas pelos meus musicistas favoritos, como Yuki Kajiura e Kaoru Wada, que conseguiam aproximar uma estética oriental e de fantasia épica, perfeitas para Aika. Nem todos os leitores quiseram ouvi-las, pois às vezes o aplicativo do Wattpad travava… mas era algo que eu amava e que sinto falta em trazer no livro. Além disso, nem sempre é possível trazer trechos de músicas no meio impresso, pois havia o risco com os direitos autorais. Em compensação, o dia em que fiz uma animação com cenas do mangá ligados a um meme japonês, consegui leitores novos e mais interações com aqueles que não conheciam as referências. Sabendo usar a internet e alguns recursos de criação de mídia, é muito vantajoso para conseguir leitores e se destacar no meio literário.

ELEP: Enquanto escritora-internauta, você compreende Wattpad e plataformas virtuais do gênero como ferramentas relevantes à motivação quanto à prática de escrita literária, bem como também ao ato de leitura em tempos nos quais a própria Literatura intenta desmistificar os olhares apocalípticos sobre a era digital?

LL: Acho que a melhor coisa da era digital é justamente a possibilidade de você ler e ser lido. Embora, no momento, estejamos enfrentando uma onda de negacionistas, fake news e ódio às minorias, ainda é pelo meio digital que podemos nos expressar. Há quinze, vinte anos atrás, seria muito mais difícil para um autor de romance gay ter seu livro publicado por uma editora. Uma das obras mais famosas do Wattpad fala do sofrimento e autoestima de uma mulher gorda, e seu sucesso permitiu publicação impressa com editora também. Sem essas plataformas, talvez isso nunca fosse possível, ou deixaria esses autores restritos a feiras independentes, às vezes, tão pequenas e desconhecidas, que os autores imprimiam seus livros em casa e os grampeava em cadernos! Além disso, o meio digital permite que tenhamos mais livros ocupando menos espaço e desperdiçando menos papel ou poluentes no meio ambiente. Para mim, que sofro com fraqueza muscular e sinto dor segurando livros pesados, um Kindle foi minha salvação!

ELEP: Defronte a pandemia mundial do novo Coronavírus, quais foram os desafios e as oportunidades aos escritores contemporâneos? Compartilhe-nos a sua vivência.

LL: Eis uma questão polêmica, pois vi muitas opiniões diversas… No meu caso, eu não consegui leitores novos mesmo tentando pagar por divulgação. Só consegui quando fui convidada por um evento online no final do ano de 2020. Houve muitos autores que venderam mais seus e-books, especialmente de temáticas eróticas. Outros, venderam mais seus livros infantis, por conta dos problemas de ter crianças em casa. Para mim, 2020 foi um ano fraco comparado a 2019, e confesso que ainda estou estudando como conseguirei divulgar mais meus livros já que parece que meu alcance estagnou um pouco. Como Aika passou a ser da editora Pendragon, os livros não estão mais completos no Wattpad. Só isso já faz com que os leitores desistam de ler mesmo os primeiros capítulos – e vi muitas pessoas cancelando compras de livros por conta do baque financeiro que o país viveu...

ELEP: Para alguém como você, que experiencia de perto os diálogos possíveis e viáveis entre Literatura, Internet e novas tecnologias, eis a última e importante questão: existe espaço para a manifestação literária – independentemente de seu gênero, de sua natureza, de seu suporte, de seu autor – na contemporaneidade conectada?

LL: O espaço existe, mas ele é concorrido. É até um pouco cansativo, pois precisamos nos atualizar e buscar novas formas de sermos vistos para não ficarmos perdidos na grande massa da Web... Tem autores que acabam se vendo obrigados a se tornarem influencers ou instabookers para serem notados. Minha arte ajuda um pouco a me destacar, mas ainda preciso aprender – e ter energia suficiente para dar conta de tudo.

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho literário eletrônico desenvolvido por Lúcia Lemos em Wattpad, eis alguns links os quais lhe serão úteis. Curtam, sigam e compartilhem as páginas da autora a fim de contribuir a um maior alcance de sua obra:

~ * Website | Lúcia Lemos *~

~ * Wattpad | Lúcia Lemos * ~

~ * Facebook | Lúcia Lemos | Facebook | Saga Aika * ~

~ * Instagram | Lúcia Lemos * ~

~ * Twitter | Lúcia Lemos * ~

 ~ * YouTube | Lúcia Lemos * ~

A wattpader criara um blog exclusivamente dedicado à saga, intitulado Gattai No Sekai, no qual disponibiliza aos visitantes posts sobre o processo de criação dos livros, curiosidades sobre as histórias, novidades relativas às publicações e downloads de pôsteres e wallpapers:

~ * Blog | Saga Aika * ~

Lemos também mantém uma loja online por meio da qual comercializa os livros que escrevera e/ou ilustrara, assim como outros produtos relacionados aos seus títulos, entre marcadores de páginas e pôsteres. Há ainda a opção de adquirir exemplares autografados. Disponibilizo-lhes também o link para compra dos e-books de Aika na Amazon:

~ * Loja Online | Lúcia Lemos * ~

~ * Amazon | Lúcia Lemos * ~

Espero que o post tenha sido capaz de lhes suscitar curiosidade suficiente para que possam se aventurar no universo de Aika. Não deixem de conferir os feitos virtuais - e por que não também impressos - de Lemos! A seguir, o link para acesso ao artigo mencionado no texto. Ele foi publicado nos Anais do Congresso Nacional Universidade, EaD e Software Livre, promovido pelo Grupo de Pesquisa "Texto Livre", sediado pela FALE da UFMG - é resultado da parceria estabelecida com o meu professor orientador, Prof. Dr. Rogério Ferreira:

~ * Literatura e Intermidialidade em Wattpad: a Saga Aika, de Lúcia Lemos * ~ 

Agradeço demais a atenção, a paciência e o entusiasmo da Lúcia por ter me atendido com tamanho carinho! É gratificante poder contemplar sua história enquanto escritora em minha pesquisa de Doutorado, estabelecendo diálogos profícuos com teorias e perspectivas literárias. Parabenizo-a por suas conquistas e desejo-lhe sorte em seu caminhar! Avante! <3

OBSERVAÇÕES

~ * Gattai, mencionado no título desta postagem, equivale ao nome do mundo mágico no qual se desenvolve a história da protagonista Aika e de seus amigos; 

~ * Light Novels são romances ilustrados no estilo mangá;

~ * A entrevista fora realizada em novembro do ano de 2020, via e-mail.

~ * Todas as imagens expostas na presente postagem foram extraídas do blog da saga ou das próprias narrativas de Aika, originalmente confeccionadas e disponibilizadas em Wattpad. Portanto, todos os direitos sobre as ilustrações estão reservados à Lúcia Lemos.

Ah, não se esqueçam de deixar um comentário. Vamos trocar figurinhas. ;)

Até uma próxima postagem! Cuidem-se!

Abraços,

Jennifer.

Comentários

  1. Jennifer, olá! Uma delícia a entrevista com Lúcia Lemos. Nada melhor do que ouvir da própria autora comentários acerca do processo criativo na feitura de Aika. Chamo atenção para o trecho "Embora, no momento, estejamos enfrentando uma onda de negacionistas, fake news e ódio às minorias, ainda é pelo meio digital que podemos nos expressar", pois coloca em destaque a relevância de manifestações artísticas na textualidade eletrônica. Aproveito para elogiar sua iniciativa em nos presentear com "Entre Linhas, Entre Pautas", um espaço de muito bom gosto e conteúdo de qualidade!

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    Respostas
    1. Olá Prof. Rogério! Tudo bem? :)

      É um prazer tê-lo por aqui. Que bom que curtiu o meu cantinho virtual. Fico ainda mais satisfeita em saber que gostou da entrevista que fiz com a escritora Lúcia Lemos. De fato, a fala da autora nos demonstra a importância da arte em tempos obscuros de pandemia, sobretudo aquela que é colocada em prática com o auxílio das ferramentas digitais. Tenho certeza que as respostas precisas dessa wattpader irá nos ajudar a traçar caminhos rumo a uma compreensão ainda mais nítida quanto à grandeza da Literatura Eletrônica produzida na contemporaneidade.

      Espero vê-lo novamente. Você é sempre bem-vindo.

      Muito obrigada pelo apoio e incentivo!

      Abraços,

      Jennifer.

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