MAROON 5 | 2020 WORLD TOUR

Olá pessoal... Tudo bem com vocês?

Confiram a resenha do show da banda Maroon 5 de 07.03.2020!

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O dia amanheceu bonito. Não era uma manhã de domingo, mas o sábado se iniciava tão belo quanto profetizou a canção, ainda no início dos anos 2000. A expectativa era grande, afinal, conheci o outrora quinteto no ano de 2003, aos dez anos de idade, ao escutar pela primeira vez a faixa "Harder To Breathe" - a qual cumpriu muito bem com o propósito de roubar meu fôlego -, presente no CD "Pop Rock Internacional" vinculado à "Vibe Sound", promoção encabeçada pela Coca-Cola. Mais tarde, outra faixa, "This Love", também fora trazida ao conhecimento dos ávidos fãs das barganhas alimentícias, dessa vez no brevíssimo álbum "Pega", circunscrito à promoção "Tudo de Vibe", do mesmo refrigerante. Haja rótulos, tampinhas e estômago! À época, os quilos a mais não me deixariam mentir.

Não se trata de saudosismo! No início do presente milênio, eram tais promoções, além das tradicionais trilhas sonoras das novelas globais, os recursos responsáveis por difundir os últimos lançamentos da música internacional em nosso país - ainda que quando nos alcançavam já houvessem deixado de deter caráter de novidade. Possuir um computador, sobretudo conectado à Internet, foi um privilégio que poucos puderam experienciar próximo ao boom das novas tecnologias digitais no país. Para se ter uma ideia, sou da geração que aprendeu a curtir os trejeitos do Adam ainda muito franzino e sem quaisquer tatuagens, ou se preferir, da época na qual Ryan Dusick ainda atuava como baterista da banda antes da substituição por Matt Flynn. O que hoje se sabe é que o Maroon 5 foi capaz de colecionar inúmeros fãs em terras tupiniquins, estendendo o sucesso até os dias atuais.

A ansiedade já havia se apresentado muito antes do fatídico dia, já que as notícias sobre a venda de ingressos eram as piores possíveis. O grupo, muito querido pelos brasileiros, viera se apresentar no país já há alguns anos, mantendo a tradição de passar com todas as suas turnês em solo nacional. Acontece que em sua última passagem por nosso território, houve relatos de demasiada dificuldade no que se refere à compra online de e-tickets, bem como, em vista desse cenário, fãs que se decidiram por acampar nas filas das bilheterias físicas a fim de garantir seu lugar para assistir à banda, tendo ainda que enfrentar alguns conflitos junto aos cambistas, famosos por arrecadar uma significativa parcela de ingressos para espetáculos estrangeiros no Brasil. Por uma ironia do percurso, fui notificada acerca da pré-venda que a produtora dos shows, Live Nation, iria realizar após o encerramento da pré-venda voltada aos usuários do cartão de crédito Elo. Na primeira tentativa obtive êxito na compra virtual promovida pelo website Eventim. Uma etapa já havia sido cumprida.

Ingresso comprado e excursão programada, era enfim o momento de me debruçar por completo na obra fonográfica da banda, que atualmente contabiliza seis álbuns de estúdio, afora os demais lançamentos ao vivo ou compilações de hits. Confesso que já fazia algum tempo que não escutava o grupo. Era uma de minhas próximas paradas musicais, mas o anúncio da turnê contribuiu para a antecipação desse momento que logo se fez inevitável. Após treinar quase diariamente as principais canções da banda, das quais algumas já eram muito conhecidas por mim, ainda foi preciso esperar mais algum tempo para escutá-las ao vivo. Mas como tudo o que está marcado para acontecer dificilmente tarda a falhar, a data do dia sete de março surpreendentemente havia me alcançado de modo ligeiro em meio à rotina conturbada de aulas, estudos, leituras e sonhos - mais matutinos que noturnos.

A viagem de ida se desenvolveu tranquilamente, apesar de eu e minha amiga termos nos deparado com um ponto de encontro cuja ausência de ônibus ou grupo de fãs que também iria à apresentação saltava aos olhos e, por conseguinte, nos assolou de imediato. O temor de nos atrasarmos nos tomou de modo tão expressivo que nem ao menos nossa adiantada chegada impediu a saída do local combinado meia hora mais tarde em relação ao horário originalmente estabelecido pela empresa. Infelizmente, isso pôde ser percebido no tempo de duração da viagem, muito longa e cansativa, fazendo-nos chegar à Jeunesse Arena aproximadamente quarenta minutos além das 17h, a partir da qual os portões da área do show seriam abertos. Fomos recepcionados por ambulantes entusiasmados com alguns "bagulhos" vinculados ao nome da banda, entre camisas, faixas de cabeça, bottons, placas e copos personalizados. Os ingressos de procedência duvidosa também marcavam presença, e aí, nesse caso, "sua alma é sua palma", como dizem os mais entendidos no assunto.

Após algumas muitas compras realizadas ainda na rua, nos encaminhamos ao local no qual seria promovida a apresentação da banda. A organização esteve impecável: havia guias licenciados ao evento em cada esquina a fim de prestar auxílio aos fãs e turistas, assim como nós, que porventura poderiam vir a se perder em meio aos persuasivos camelôs e às momentâneas perdas de fôlego em razão da emoção de se chegar ao local pretendido. Inicialmente, passamos por uma revista e somente após tal processo é que enfim pudemos apresentar os ingressos que nos dariam acesso à pista comum do espetáculo.

Meus olhos brilharam. Nunca antes tive a oportunidade de estar em uma área tão ampla voltada à realização de shows musicais. O lugar selecionado pela produtora da banda fora a área externa pertencente à Jeunesse Arena - certamente, uma nomenclatura mais simpática para estacionamento. Antes de irmos ao encontro da grade da pista comum, visitamos o singelo quiosque da Only Official Merchandise, uma empresa responsável por produzir e comercializar produtos licenciados ao nome do grupo. Dentre algumas de minhas aquisições estão o pôster oficial, o boné e a ecobag. Também havia camisas e moletons, mas como creio que minha fase de usar vestimentas atreladas a bandas e artistas do gênero ficou entre a inocência da adolescência e a maturidade imposta pelo ingresso na faculdade, me conformei em levar para casa apenas tais souvernirs. Como não poderia deixar de ser, tratamos logo de adquirir o copo oficial da turnê latino-americana do grupo. Já que não queríamos ingerir bebidas alcoólicas no local, preferimos levar mais essa lembrança.

Sacamos algumas fotos e caminhamos rumo a uma fileira de fãs que já se empoleiravam na grade da pista comum. Infelizmente, foi nesse momento que algumas problemáticas passaram a me incomodar. O local selecionado para o evento era demasiado extenso, o que literalmente se traduzia em intermináveis metros e mais metros do palco em relação à nossa localização. Jamais me importei em assistir a shows da pista comum. Aliás, minhas melhores experiências aconteceram nesse setor. Ocorre que alguns dias antes da realização da apresentação, o website de vendas dos ingressos, o Eventim, passou a oferecer duas entradas pelo valor de apenas uma, o que implicava a mim e à minha amiga ter adquirido, cada uma, dois ingressos para a pista comum por meio de um valor um pouco maior se caso tivéssemos comprado duas entradas para a pista premium sob o valor de um único ticket. Considerando que nossas entradas eram inteiras, teoricamente quem saiu ganhando foram aqueles que realizaram a compra a poucos dias do evento e, em sua maioria, que quase nada conheciam acerca daqueles que ali se apresentariam - ainda que alguns pudessem argumentar a favor da atuação de Adam Levine como jurado no talent show The Voice, ou ainda, em prol do eterno crush ao qual todxs nxs estamos designadxs a se sujeitar quando o tópico de discussão é exatamente o que nos faz sentir o dito cujo intérprete e compositor. Garanto-lhes que durante minha adolescência, a sensação era de ter borboletas inquietas no estômago. Os transcorridos anos me ajudaram a controlá-las, posso lhes afirmar (?).

Inevitáveis arrependimentos à parte, o que mais nos importava era finalmente estarmos a algumas pouquíssimas - porém eternas - horas do espetáculo que seria proporcionado pela banda. Em apenas dez minutos nos sentimos cansadas e decidimos nos agachar no chão para aliviar nossas costas e pernas. Diante daquela deplorável e cômica cena, sugestiva a tantas outras coisas, duas garotas misericordiosas, uma com nome popular e a outra cuja excentricidade atendia pelo nome de uma flor pouco querida entre as mais acolhidas, nos ofereceram assento junto a elas em uma canga a qual tinham trazido ao evento, já que ali não havia pavimentação asfáltica, mas sim, talvez mais areia que o deserto do Saara pudesse comportar - meus tênis podem lhes contar melhor essa história em momento oportuno. Aceitamos o convite, até que fomos surpreendidas pelo anúncio de que iriam procurar os banheiros mais próximos, nos deixando sozinhas e sem referência de quando voltariam ao nosso encontro. Quinze minutos e algumas despretensiosas fotos a la praia carioca mais tarde, senti-me inquieta com o desaparecimento das meninas. Afinal, tínhamos conseguido conquistar um bom lugar próximo à grade. Minha amiga permaneceu na canga enquanto fui ao encontro de um público que à medida que o céu escurecia, crescia em iguais proporções. Por fim, dobramos o amaldiçoado pedaço de pano, o guardamos em nossas sacolas de compras e fomos ocupar nossos postos. Após alguns minutos do ocorrido, as tais garotas nos encontraram, já um pouco atordoadas a julgar os copos de cerveja que traziam vigorosamente junto a elas. A partir daí, restou-nos assistir ao show de abertura da banda brasileira Melim, morno e destoante em relação à atração principal e, mais tarde, a apresentação contagiante do DJ Mr. Mailbox - que vim a saber ser um dos responsáveis pela produção de específicos álbuns do grupo. Descartando as muitas músicas das quais não possuía conhecimento algum, o show, que também contou com lindos efeitos de luzes, cumpriu a meta de aquecer o público que àquela hora parecia já ter se acomodado quase todo na área externa da Jeunesse Arena. Um fato interessante: a barricada de seguranças e funcionários que permanecia entre nosso setor e a pista premium distribuía gratuitamente copos de água para as primeiras fileiras - e grande parte do público blasé do setor à frente, especialmente a parcela que se alocava ao término da pista, parecia olhar com desprezo para os residentes da pista comum. Mas tudo bem! Eu nem estava lá para vê-los mesmo... Ahh! Ainda teve um cara que sorteou aleatoriamente algúem da pista comum para apreciar o show da pista premium. "Venha para o paraíso!", só faltou ele anunciar.

As luzes de apagam e, então, a gritaria se torna ainda mais intensa. Luzes de tonalidade azul cobalto brilham tais como pisca-piscas excitados. Alguém surge no meio do palco e caminha em direção à passarela que se infiltra bem no centro da pista premium. Antes fosse uma formiga, pois é dificílimo reconhecer de quem se trata, ainda que já supunhamos. "É ele?", pergunto eu junto a outros tantos fãs alucinados ao meu redor. A hipótese vem a se confirmar alguns segundos depois. Sim, é Adam. Ele inicia um lindo solo de guitarra cuja sonoridade nos faz constatar que se trata da introdução da música "It Was Always You", do álbum "V" (2014). Os telões são ligados e a imagem do vocalista, e também guitarrista, surge ampliada mais de mil vezes, para o grande alívio da pista comum. A galera vai ao delírio. Chegado ao término do solo, logo em seguida é dado início à "This Love", de "Songs About Jane" (2002), um sucesso atemporal. Logo, as luzes se acendem e é possível enfim vislumbrar todos os membros em cima do palco, cada qual atribuído à função que lhe compete. Essa não tem jeito: o pessoal canta a plenos pulmões e em alto e bom som, relembrando os velhos tempos analógicos nos quais conhecemos o grupo ao assistir uma novela global, um filme alugado da locadora ou ao escutar uma coletânea patenteada pela Som Livre. Sequencialmente, vem "What Lovers Do", do último lançamento fonográfico, "Red Pill Blues" (2017), a dançante "Makes Me Wonder", de "It Won't Be Soon Before Long" (2007), "Payphone", proveniente de "Overexposed" (2012), e "Wait". Disseminando a sensação de desespero entre os presentes, em especial aqueles que estavam na pista comum, ambos os telões laterais, responsáveis por conceder uma boa visibilidade quanto àquilo que acontecia no palco, aparentaram ter se cansado antes mesmo do ápice do show. À essa altura, Adam já havia feito seu charme com os fãs, tirando a jaqueta e deixando à amostra as tatuagens que o caracterizam.

Ainda enfrentamos problemáticas técnicas com os telões durante "Moves Like Jagger", um hit da era de "Hands All Over" (2010) - o único apresentado pela banda, uma pena -, sendo o conflito resolvido somente ao se iniciar "Lucky Strike", que não é single mas faz às honras como se fosse. Foi em "Sunday Morning" que a situação prosperou de vez. Entoada por uma série de "ioioio's", a faixa teve seu começo regido pelo bumbo contagiante da bateria de Matt Flynn e os teclados memoráveis de Jesse Carmichael. Daí foi só correr para o abraço... Que coro lindo! A música foi seguida pelo rock and roll invocado de "Harder To Breathe" e os eletrônicos apáticos representados por "Cold" e "Don't Wanna Know". Quando chegamos no reggae de "One More Night", nem nos demos conta de que o primeiro bloco do show já estava alcançando seu término. "Animals" me decepcionou. Não sei se por que meu braço, à altura do campeonato, me traía de dor, ou se o uivo lancinante da ponte para o refrão final não preencheu minhas expectativas. Em "Daylight", o coro ressurgiu, ainda que fosse apenas para cantarolar os "ôôôôôô's" peculiares da faixa. Um dos ápices certamente foi "Sugar". Embalados pelas notas iniciais do hit, Adam aproveitou o ensejo para apresentar ao público os demais integrantes da banda. Não poupei gritos ao avistar Sam Farrar, percussionista. Tão profissional... À título de curiosidade, Sam já atuou como compositor de algumas canções do Maroon 5, bem como produtor do segundo álbum de estúdio. Cabe lembrar que ele também é baixista da banda Phantom Planet, responsável por "California", famosa por ter sido faixa de abertura da série norte-americana "The O.C.". Ufa, quanta história, não?

Transcorridos alguns poucos minutos, Adam e James surgem no palco para estrearem o último bloco musical do show. Já era de se esperar que "Memories", single de recente lançamento, fosse tocada sob o molde acústico. O que de fato se configurou como grande surpresa foi a apresentação de "Lost Stars", originalmente interpretada por Levine para o longa "Mesmo Se Nada Der Certo", do ano de 2014 - há tempos não performada pelo grupo. Na sequência, a lindíssima balada "Won't Go Home Without", da época na qual a banda ainda flertava predominantemente com o gênero roqueiro. O ponto negativo da performance foi o fato de ter sido apresentadas somente a parte inicial, a ponte final e o refrão. Mas isso é melhor do que nada, se tratando ser uma faixa esquecida no decorrer dos últimos anos.

Me senti regalada com a versão meio acústica / meio roqueira de "She Will Be Loved", música essa que me instigou a pesquisas acerca da banda no ano de 2010, ao escutá-la no pretérito filme intitulado "A Última Música" - ainda que na oportunidade tenha sido cantada por Miley Cyrus. Para encerrar, Maroon 5 tocou "Girls Like You", um eloquente hit de seu último álbum, cujo vídeoclipe, com nuances feministas, já atingiu a marca de mais de três bilhões de visualizações no YouTube. Ao fundo, imagens da referida gravação ilustravam a atuação animada de Adam, que se mostrou desde o início bastante entusiasmado em estar novamente em solo carioca, desmistificando a imagem hostil que a imprensa chilena lhe atribui durante a última visita do grupo ao país, também realizada no mês de março.

A apresentação durou cerca de 1h30min, quase sem sofrer interrupções, a não ser por alguns parcos diálogos estabelecidos por Adam no que se referia à sua alegria de retornar ao Brasil ou à surpresa quanto às trinta mil pessoas presentes na noite - sobre o que ainda carrego minhas dúvidas, a julgar a escassez de pessoas na pista premium. James também experienciou seus momentos como estrela, especialmente durante os solos de guitarra e as animadas batalhas travadas entre ele e Adam, que em algumas oportunidades portava sua guitarra cor-de-rosa com estampa de Hello Kitty - algo esperado pelos fãs. O baixista Mickey Madden, acompanhado do tecladista PJ Norton e de Sam Farrar, seguramente foram os menos exaltados. Todavia, também os agradecemos pela agradabilíssima noite.

Por fim, o mar de pessoas extasiadas se encarregou de nos levar ao encontro daqueles que haviam viajado conosco. Não houve sintomas de Depressão Pós-Show (risos chorosos).

Thank you very much, M5. You'll always be loved and be part of me. <3

Em meio a esses tempos difíceis de pandemia no qual hoje vivemos, algo é certo: mesmo se as fotografias ou os vídeos capturados não forem capazes de me reportar ao momento único e incrível que foi estar nesse show, ainda sim, minhas memórias o farão.

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A saber, a "2020 World Tour" passou pelos seguintes estados brasileiros:

- 01.03.2019 | São Paulo | Allianz Parque;

- 03.03.2019 | Brasília | Estádio Mané Garrincha;

- 05.03.2019 | Recife | Esplanada do Classic Hall;

- 07.03.2019 | Rio de Janeiro | Área Externa da Jeunesse Arena.

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E aí, curtiram? Espero seus comentários.

Se for se apropriar de algum trecho do post ou alguma fotografia, dê os devidos créditos.

Até uma próxima postagem! :)

Abraços,

Jennifer.

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