PARAMORE | SOUTH AMERICAN TOUR

Oi pessoal... Como vocês estão? :)

Para sua apreciação, eis a resenha do show da banda Paramore de 09.03.2023!

*

O sol entre as nuvens definitivamente não foi capaz de me desanimar. Era nada mais, nada menos, Paramore quem me esperava. Ainda me lembro, não muito claramente, mas ainda sim me recordo, de uma Jennifer com os seus quinze anos de idade imergindo cada vez mais profundamente no universo roqueiro - um caminho sem volta, como muitos de vocês devem saber. Uma das bandas responsáveis por esse movimento fora aquela liderada por Hayley Williams nos vocais e hoje composta por Taylor York (guitarrista) e Zac Farro (baterista), presente nas playlists de meu antigo iPod Nano, 5ª Geração, da cor laranja - assim como as madeixas de Williams. Infelizmente, não tenho lembranças claras de onde ou quando conheci o grupo, mas um acontecimento específico da época ajuda a aquecer meu coração e a entender que algumas coisas só farão sentido daqui há alguns anos.

Em minha cidade, em meados do ano de 2008, um grande Shopping Center havia sido inaugurado. Somente em janeiro / fevereiro do ano seguinte, já com dezesseis anos, é que eu seria agraciada com a oportunidade de conhecê-lo. Meu pai, um grande companheiro de passeios, levou-me então ao Shopping. Era um dia de domingo. Lá, além de termos assistido ao filme Faz de conta que acontece, um clássico já há muito esquecido protagonizado por Adam Sandler, pudemos visitar alguns do estabelecimentos do local. Um deles, em especial, chamara-nos a atenção - eu, enquanto amante da música, e meu pai, como um grande aficcionado pela sétima arte. Afinal, aquela era a primeira vez que entrávamos em um santuário geek. Tratava-se da Livraria Saraiva, que ainda se dedicava à comercialização de mídias físicas. Colecionar CDs nunca foi uma aspiração, mas certamente era algo que esperava ansiosamente pelo momento certo para então acontecer. Extasiada com tantos produtos maravilhosos ao alcance de minhas mãos, reconheci, dentre inúmeros outros queridos, dois daqueles que seriam os primeiros exemplares de minha humilde coleção: One of the boys (2008), da cantora Katy Perry, e Riot! (2007), da banda Paramore - e embora o primeiro mereça destaque e ainda nos dias atuais continue encontrando abrigo em meu coração eternamente musical, devo aqui me debruçar apenas sobre o segundo título.

A partir dali, a coleção cresceu a medida que a banda lançava novos títulos musicais. Inclusive, com a evidente popularização do grupo no Brasil, o primeiro álbum, All we know is falling (2005), fora comercialmente disponibilizado aos amantes do colecionismo. Logo, após o lançamento dos referidos álbuns, Paramore também nos ofereceu à audição os CDs Brand new eyes (2009), Paramore (2013) e After Laughter (2017). Passado algum tempo desde a divulgação deste último, a banda estabeleceu um tempo de hiato na carreira, o qual haveria de ser quebrado com o lançamento do primeiro single daquele que foi o grande revival do grupo, This is why (2023), impulsionando a realização da atual turnê mundial.

Paramore sempre foi uma banda querida dentre todas aquelas que já me propus a escutar no decorrer dos últimos anos. Hayley Williams, sua vocalista, é uma de minhas grandes inspirações femininas em razão da sua personalidade forte, o que se traduz não somente por intermédio dos cortes e das cores de cabelo, mas, sobretudo, devido às composições e interpretações musicais e atitudes para além do âmbito sonoro. Quanto aos vocais, o que posso lhes dizer é que são potentes e viscerais, mas também delicados e sensíveis. 

A banda havia anunciado sua última passagem pelo Brasil no ano de 2014, quando fora convidada a participar do Circuito Banco do Brasil. Desde então, os fãs ficaram a ver navios. Mesmo com o lançamento do divertido e irreverente After Laughter, os admiradores brasileiros não foram agraciados com a presença do grupo em território nacional na devida época de sua divulgação. Assim, restou-nos esperar pacientemente não apenas pelo fim do hiato da banda, mas, igualmente, por sua vinda ao país. Eis que nove anos se passaram e, no dia 5 de outubro de 2022, Paramore anunciara uma turnê pelo continente sul-americano para promover o seu novo álbum de estúdio, This is why. Meu desejo de vê-los ao vivo tornou-se ainda maior quando percebi que a produtora que lhes iria trazer ao encontro do público brasileiro era a Time for Fun, aquela mesma com a qual os meus créditos para o finado show da Senhorita Taylor Swift, que seria realizado em meados de 2020, permaneciam trancafiados desde a fatídica notícia do cancelamento das apresentações da cantora no Brasil por questões de prudência frente ao alastramento da Covid-19. Contando com a ajuda de meu fiel "ajudante comprador de ingressos" - leia-se meu pai -, lá fui eu me humilhar me sentar diante do computador a fim de pleitear uma entrada para o espetáculo. Os perrengues de uma fila virtual se fizeram presentes, é claro: o famoso "bonequinho" que mais parece um jovem sedentário e que nada caminha continuava por lá, perseguindo nosso ego de fã derrotado - ao invés de perseguir o fim da linha que nos levaria ao acesso dos ingressos... O "bonequinho" andou, mas quando nos organizamos para arrematar a compra, a surpresa mais desagradável deu suas caras: ESGOTADO. Não era possível! Em menos de dez minutos uma banda como Paramore - maravilhosa, eu sei, mas pouco popular para além do nicho do Rock Alternativo / Pop Punk - teria realmente sido capaz de movimentar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, em busca de entradas para seus shows no país? A ida a uma apresentação da banda me parecia tão palpável que nem cogitei passar por uma dificuldade tal como essa. Logo, mediante a isso, eu e meu pai atualizamos a página sem quaisquer escrúpulos. Afinal, não havia nada a perder além da oportunidade de ir ao show, é claro. Após algumas atualizações ininterruptas, conseguimos, com êxito, selecionar o ingresso pretendido e encerrar a compra. Sim! Uma parte do problema sonho já tinha sido resolvido - "it's not a dream anymore, oh, oh" (Looking up, 2009).

Como eu muito bem disse, "parte" da questão havia sido sanada. O próximo passo era averiguar como eu chegaria ao destino, já que resido em Juiz de Fora, Minas Gerais. Imediatamente, contatei o Joan, proprietário da Travel Music Excursões, empresa há muito gabaritada no ramo de viagens para eventos. Ele me disse que tentariam reunir um grupo a fim de ofertar a excursão para o show a ser realizado na cidade do Rio de Janeiro. Logo, cruzei os dedos e entreguei o destino nas mãos do Criador. E não parava por aí, pois surgira uma outra problemática, levantada por minha mãe: "você vai sozinha?". De fato, eu e meu pai, tão entusiasmado quanto a minha pessoa, não havíamos parado para pensar que se tudo corresse bem, esta seria a minha primeira experiência solo em um evento de grande porte - apesar dos trinta anos já bem vividos. "Mas eu vou de excursão, ou seja, junto de uma galera boa", argumentei. "E se não fechar grupo suficiente?", atormentou-me de volta. "Ainda estamos em outubro... vamos aguardar para ver", concluí. E assim fizemos.

O show se aproximava a cada passar de mês. Em fevereiro, fiquei sabendo que teríamos a tão almejada excursão. No entanto, um frio indesejado na barriga ainda me assolava: "será mesmo que eu serei capaz de enfrentar um acontecimento como esse totalmente por conta própria, sem contar com a companhia de alguém conhecido?". Com todo o clichê de fé e coragem, arrumei minhas coisas, planejei minhas vestimentas, resolvi algumas pendências e fui, enfim, ao encontro do inesperado. Chegando ao ponto de encontro previamente combinado, avistei algumas pessoas que tinham grande potencial para serem fãs de Paramore. Eram pessoas parecidas comigo. Uma delas, a Esther, foi a primeira com a qual tive contato mais estreito. Começamos a conversar enquanto esperávamos a chegada do transporte, uma van robusta dirigida pelo educado e cauteloso Sr. Nei. Trocamos algumas figurinhas sobre gostos musicais e até mesmo a respeito de coisas da vida. Aos poucos, uma turminha muito simpática foi adentrando o carro e pudemos partir rumo ao nosso destino. A viagem transcorreu de modo tranquilo, com direito a uma parada de aproximadamente vinte ou trinta minutos em uma lanchonete bem localizada na estrada. Quando nos demos conta, estávamos na cidade maravilhosa.

Eu sabia que permaneceríamos na fila por algum tempo, mas jamais imaginei que essa experiência beiraria a quatro horas. E querem saber? Foi uma sensação incrível poder conhecer outros fãs e vivenciar toda essa atmosfera prazerosa de ansiedade e felicidade que só um evento como esse está apto a ofertar. É certo que tive que me contentar com alguns biscoitos água e sal, umas poucas goladas de água, além de um bronzeado superficial em virtude do sol escaldante típico do Rio. Embora isso tenha acontecido, os diálogos animados que foram estabelecidos no decorrer desse tempo não somente com a Esther, mas também com três outras pessoas legais de quem nos aproximamos, Leiliane - ironicamente detentora de uma sorte duvidosa no quesito "shows internacionais", haja vista já ter experienciado o cancelamento de apresentações de bandas das quais é fã -, Fernanda - que infelizmente se confundiu no momento de comprar os ingressos para o show, tendo adquirido entradas para a área de poltronas - e Carol - uma garota muitíssimo simpática - foram responsáveis por tornar o desconforto inerente à situação bem menos cansativo. Uma compra de "bugingas" aqui, uma sentada ao chão acolá, as horas se passaram e finalmente os portões do local do show foram abertos. Garrafas d'água descartadas, revista realizada, ingressos conferidos, uma corridinha em direção à loja oficial da banda seguida de uma passada ligeira pelo toalete e pelo bar: pode vir Paramore, estamos prontos!

A apresentação do Paramore ocorreria no Qualistage, remotamente conhecido pelos cariocas como Metropolitan. Já acostumada a receber grandes nomes da música nacional e internacional, a casa se mostrava moderna e imponente. Era um ambiente bonito, bem espaçoso e arejado, ornamentado com luzes baixas que o deixavam ainda mais acolhedor e intimista, em contraposição à amplitude de suas dimensões. O público fora dividido em duas parcelas: pista premium, próxima ao palco, e pista comum, logo atrás da supracitada área. Sinceramente? Não foi dessa vez - e em nenhuma outra - que me surgiu o desejo de experimentar, a qualquer hora dessas, como seria assistir à apresentação da famosa pista premium. No Qualistage, o espaço destinado ao público fora arquitetado sob os moldes de um grande anfiteatro, de maneira que quem permanece no fundo da casa tem uma visão relativamente mais ampla em relação àquele que se encontra em frente ao palco. Teoricamente, ninguém ali presente deveria atrapalhar o colega que está atrás. Todavia, algumas pessoas, por serem demasiado altas, acabavam por muito contribuir ao desejo incomensurável de estar junto à galera da "premium". Por experiências próprias anteriores, sabia que quando o show se iniciasse dificilmente usufruríamos daquela mesma visão, pois o natural é que o movimento de dança e euforia das pessoas as posicionem em lugares totalmente diferentes se comparados àquele no qual desfrutavam posse logo no começo do evento. Lá dentro, eu, Esther, Leiliane e uma porção de outros fãs tiveram que aguardar ansiosamente pelo show de pé, enquanto assistíamos os degraus de ambas as pistas serem gradualmente ocupados por preguiçosos que mesmo na vésperas do início do espetáculo insistiam em permanecer descansados - é sério, nada os fazia levantar! Até que...

...Aproximadamente, às 20h40min, a cantora Elke Musek e os membros de sua banda adentraram no palco. Eles se encarregariam de promover a apresentação de abertura, a fim de aquecer o público para o grande show, o qual viria em seguida. Não conhecia o trabalho musical da artista e me surpreendi positivamente com sua grande qualidade sonora. Aparentemente, flerta com os gêneros do Pop Indie / Rock Alternativo, sendo possuidora de uma voz magnífica e muito marcante. A propósito, totalmente perplexa mediante a potência vocal da cantora, reportava-me a todo momento às minhas novas colegas para dizer-lhes: "que vozeirão!". Elke esteve animada e demonstrou ser bastante talentosa e performática. Parecia se sentir à vontade junto dos fãs brasileiros, ainda que essa fosse sua primeira aparição em terras tupiniquins. Ela e sua banda nos presentearam com algumas canções que constituem a setlist de seu EP, Current condition (2018), e do álbum de estúdio No pain for us here (2021), dentre as quais, destaco menções à My sweetheart e Zubie zubie. E como não poderia deixar de citar, uma linda versão à la bossa nova de Mr. brightside, um clássico atemporal da banda The Killers, outra querida dos tempos nos quais eu estava a descobrir os prazeres da boa música, foi apresentada pelos músicos.

Elke e sua banda se apresentam no ato de abertura da South American Tour 2023.    

Tendo finalizado o show, Elke deixou o palco, contribuindo para que a ansiedade se alastrasse cada vez mais com o passar dos segundos. Não demorou muito, as luzes se apagaram, e num piscar de olhos, Hayley e os caras da banda tomaram conta do Qualistage. A euforia em vê-los ao vivo pela primeira vez foi indescritível! Estar no mesmo espaço que outras pessoas as quais você até então conhecia apenas por intermédio de fotografias e vídeos seria o equivalente ao "sonhar acordado" que tanto proferimos - "daydreaming, daydreaming all the time..." (Daydreaming, 2013). A banda iniciou sua apresentação com a ríspida You first, do seu trabalho de estúdio mais recente - a tempo, cabe lembrarmos que a música ganhara um vídeo com trechos de filmagens oficiais da passagem da banda pela América Latina, incluindo o show aqui resenhado. Há algumas apresentações, Paramore havia escolhido começá-las com a canção título do álbum lançado neste ano, This is why. Entretanto, creio que a mudança não afetou o objetivo primordial da abertura de um show: energizar o público e mantê-lo desperto o suficiente para este ou aquele momento considerado mais "morno", o qual, seguramente, não encontrou o mínimo espaço na performance que presenciei. A primeira faixa foi seguida da sempre linda e maravilhosa That's what you get, single de grande sucesso do segundo trabalho de estúdio da banda - e o qual, atrevo-me a arriscar em dizer, fora o principal responsável pela propulsão do grupo para além da região geográfica na qual sempre estivera musicalmente restrito. Não me lembro de ter gritado ou pulado tanto quando os primeiros acordes dessa canção foram entoados. Sabendo do sucesso da música e do perfil enérgico que só o fã brasileiro possui, Hayley deixou com que o público performasse o primeiro trecho da música de modo solo. Qual o resultado? Uma laringite daquelas! Afora esse pequeno problema de percurso enfrentado após o show, a apresentação do Paramore também contou com I caught myself, belíssima faixa composta para o primeiro filme da saga vampiresca Crepúsculo, lançado nos cinemas no ano de 2008. A inclusão dessa música no setlist é envolta por controvérsias: afinal, ela estaria substituindo Decode, outra querida canção pertencente a mesma trilha sonora, porém, detentora de alcance e apelo comercial expressivamente maiores em relação àqueles vinculados à música selecionada ao setlist do show das terra carioca.

Prosseguindo, fomos logo presenteados com Playing god, The news, Told you so, Ain't fun e Caught in the middle. Em Ces't comme ça, contagiante por natureza, Hayley propôs aos fãs tentarem permanecer com os braços abaixados, como em um movimento de marcha - um verdadeiro sacrilégio, diga-se de passagem, haja vista sua melodia dançante. Sacrifício consumado, adiante tivemos as faixas Still into you, The only exception, Pool, (One of those) crazy girls - com direito a momento fofinho entre Hayley e Taylor -, Rose-colored boy, Scooby's in the back - cover de HalfNoise, banda da qual Zac Farro é integrante - e Hard times. All I wanted foi a próxima música a ser tocada, resultando em grande aclamação por parte do público de fãs ali presente. Por ser a última faixa da tracklist do álbum Brand new eyes, ademais, ainda apresentar uma das maiores provas da extensão vocal de Hayley Williams, a balada é sempre lembrada com muito carinho.

Após um breve intervalo, a banda retornara ao palco para performar mais três canções, tendo sido a primeira o último single do álbum recentemente lançado, Running out of time. A clássica Misery business, que foi relegada a segundo plano pelo próprio grupo em determinado momento de sua história, certamente foi um dos maiores pontos alto neste show. Hayley escolheu alguns dos fãs presentes na pista premium para que pudessem cantar junto dela no palco. O entusiasmo e a interação da vocalista para / com o público, os quais já haviam sido demonstrados logo ao início da apresentação, foram potencializados quando a referida música tomara conta do local do evento. Infelizmente, havíamos chegado ao encontro da última canção, This is why, antecipada pela apresentação dos integrantes da banda por uma animada e bem humorada Hayley Williams. Vale salientar que a formação principal do grupo e os membros de apoio musical estiveram efetivamente alinhados durante todo o espetáculo, exprimindo a gratidão por tocarem para os fãs brasileiros.

A seguir, dois vídeos que tive a oportunidade de gravar durante a apresentação das canções All I wanted e This is why, incluindo uma declaração de Hayley sobre o quanto ama a cidade do Rio de Janeiro, com direito ao bordão "We are Paramore!".

          

Terminado o show, voltamos à van e nos encontramos com os demais colegas de viagem. Após termos enfrentado circunstâncias nada favoráveis com o advento da pandemia vigente há alguns anos, retomar a ida aos espetáculos musicais que tanto me cativam foi uma experiência surreal, especialmente tendo iniciado os trabalhos com uma banda que tanto admiro e, embora tenha muitos anos que já a acompanho, ainda sim continua a dialogar com as facetas que me constituem enquanto eterna admiradora da arte musical. Em certa passagem da apresentação, Hayley declarara seu amor ao público brasileiro: "we love you!". Cada um de nós, tenho certeza, respondemo-la com todo o coração: "we love you too and we are always, always, always, Paramore!".

 It's such a pleasure see you guys! I can't wait for you come to Brazil again.
Thank you for made part of my life's tracklist since the early years. <3

*

A cargo de curiosidade, o Paramore promoveu os seguintes shows no Brasil:

~ 09.03.2023 | Rio de Janeiro | Qualistage;

~ 11.03.2023 | São Paulo | Centro Esportivo Tietê;

~ 12.03.2023 | São Paulo | Centro Esportivo Tietê.

*

Espero que tenham gostado do post.

Aguardo pelos comentários... Até a próxima! :)

Abraços,

Jennifer.

Comentários

Postagens mais visitadas